O Projeto Algas Marinhas ganhou destaque ao ser finalista do The World Challenge 2007, um prêmio internacional concedido pela Shell, BBC e Newsweek para projetos que se destacam na preservação do meio ambiente e melhoria da qualidade de vida.

Energia Solar

Na praia de Flecheiras, foi instalado o Centro de Processamento de Algas, onde elas são lavadas e desidratadas, o sistema funciona graças à energia solar, uma placa fotovoltaica gera eletricidade para o bombeamento da água doce usada na limpeza das algas e a iluminação local.

Mas o destaque é um equipamento chamado Secador Solar, com o secador, as algas são desidratadas rapidamente, e sem queimar, os algueiros foram treinados para utilizarem todos os equipamentos e ainda participaram da construção do Centro.

As algas marinhas são espécies de grande importância para o bioma marinho, elas são a base da cadeia alimentar e quando preservadas garantem um ecossistema saudável.

Antes da implantação do projeto a prática comum era de recolher as algas na areia das praias ou retirá-las diretamente dos bancos naturais, comprometendo toda a cadeia alimentar da região, isso mudou.

Cultivo sustentável

Hoje, os algueiros vão aos bancos naturais apenas para retirar sementes, as algas crescem em cordas no mar, como em uma plantação, eles ganham em produtividade e o meio ambiente, em preservação, até a produção de peixe aumentou!

Participação popular

Homens, mulheres e jovens dividem as diversas atividades de acordo com as suas habilidades e interesses, os homens, acostumados com a pesca, ficam responsáveis pelo cultivo no mar, as mulheres, mais cuidadosas, são responsáveis pela limpeza do material.

Em 2006, o Jornal Hoje, da Rede Globo, veiculou uma matéria sobre os catadores de algas de Flecheiras, e no mesmo ano, a revista Globo Rural também se interessou pelo trabalho e publicou uma reportagem sobre o projeto.

Catadoras de Algas

Dona Chinha é o apelido de Maria Marques de Castro, que há 25 anos trocou a terra pelo mar, ela passou um terço da vida plantando milho e feijão em Canaã, distrito de Trairi, a 137 quilômetros de Fortaleza, e não hesitou em mudar, seguindo o marido que vivia contrariado como produtor. Fez a alegria dele e encontrou a própria, transformando-se em agricultora do mar. Aos 70 anos, Dona Chinha é a integrante mais velha de um projeto do Instituto Terramar.

Sete anos atrás, a organização não governamental cearense implantou uma pesquisa pioneira de cultivo de algas gracilárias (Gracilaria) em Flecheiras e no vizinho Guajiru.

No litoral do Ceará, os maricultores punham em risco a sobrevivência dessas plantas de água salgada que tem seu valor num gel o Agar-agar usado como matéria-prima nas indústrias alimentícia, farmacêutica e cosmética.

Dona Chinha retirava o produto que costuma ficar grudado aos bancos naturais, como pedras e corais, e naqueles mais próximos à praia, mesmo perto do mar, ela nunca se atreveu a nadar. "Vivo da água, mas prefiro manter os pés firmes no chão", diz.

Sem muito entender, ela engrossava o coro de um processo extrativista desenfreado de mais de 30 anos e que causou a queda de 70% na produção da planta por lá apelidada de macarrão, em razão de seu formato. Junto com as algas, foram-se embora também os peixes que dela se alimentam.

O presidente da APAFG - Associação dos Produtores de Algas de Flecheiras e Guariju, Raimundo Nonato Nunez, afirma que camarão, lagosta e outros pescados desapareceram dali. Mas só até o Terramar unir o cultivo das algas à preservação do ecossistema. À frente da ONG, o engenheiro de pesca Dárlio Teixeira não desanimou com a costumeira resistência a mudanças.

Afinal, ele tinha para mostrar aos pescadores os resultados de uma experiência similar feita no Chile, de onde vem boa parte das algas consumidas no Brasil. Porém, o xeque-mate veio na hora da comercialização: cinco reais pelo quilo da planta cultivada, contra 50 centavos pela mesma quantidade colhida de forma extrativista.

O salto no preço aconteceu porque desde 2001 passaram a entregar o material mais limpo, esclarece Teixeira, bem antes desse momento, Pedro Edvan dos Santos e a sorridente esposa Marta se deram conta de que o futuro da nova atividade dependia da acolhida da nova tecnologia.

Ao lado de outros pescadores, eles aprenderam que, a cada dois meses e durante as marés baixas (na lua cheia e nova), acontece à colheita da plantação e dela se faz a reserva de boas mudas, reunidas em montinhos de 60 gramas. É, então, amarrado em seis módulos, cada um com 12 cordas de 50 metros, fixadas em garrafas plásticas, que permanecem em alto-mar. A coleta dos últimos seis meses somou mil quilos de gracilárias, ou cerca de 250 quilos do produto seco.

Com a implantação do projeto, Raimundo Nunez deixou de crer que a multiplicação dos peixes é apenas uma passagem bíblica, anos atrás, um bom dia contabilizava 15 quilos de pescado, agora o volume pulou para 40 quilos. "Até a lagosta, que sumiu do mapa, dá o ar da graça", compara.

Segundo Dárlio Teixeira, a planta influencia na quantidade porque faz parte da cadeia alimentar marinha, e como em qualquer cultivo na terra, toda mão-de-obra é bem-vinda durante a colheita na água. Nessa época, as famílias se juntam na associação dos moradores à espera da chegada das algas transportadas em lombo de boi e ainda presas nas cordas que pesam mais de 200 quilos, reais vindos do extrativismo. "Pode parecer pouco, mas graças à tecnologia reformei a casa, comprei equipamentos de pesca e estou fazendo um barco maior para trabalhar em alto-mar", diz Raimundo Nunez, os produtores atendem quatro indústrias nordestinas e a expectativa é de abastecer 30 empresas nos próximos anos.

O projeto cearense já foi levado ao Rio Grande do Norte e Paraíba pela FAO - Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura. A GTZ, agência ambiental do governo alemão, também se interessou pelo programa e investiu 50 mil reais para aperfeiçoar os equipamentos de produção.

As Algas Marinhas Têm Mil e uma utilidades. As algas têm um gel (Agar-agar) valioso, que entra na composição de inúmeros produtos, ele é um ingrediente indispensável na fabricação de artigos em três tipos de indústrias: Farmacêutica: medicamentos, Cosméticos: xampus e sabonetes, Alimentícia: geléias, balas e doces em geral.

O Instituto Terramar implantou o cultivo de algas, mas não contava com que as agricultoras do mar fossem dar um jeito de tirar mais proveito do projeto, Marta dos Santos Viana, por exemplo, elaborou um punhado de receitas, gelatinas e musses são algumas delas com a água usada para o cozimento das algas, descobriu que seus pratos ficavam mais ricos em fibras por conta do Agar-agar.

No projeto das comunidades de Flecheiras e Guajirú está incluída a construção de uma sede, que abrigará todas as etapas de produção do plantio e dos produtos de beleza, a associação espera atrair a atenção para a importância dessa tecnologia.

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Fonte: SOS Algas