UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS—FAEPE

AUTOR: BIÓLOGO OTÁVIO JOSÉ CARDOSO - CRBIO Nº 43043/01-D

1. INTRODUÇÃO

Objetivo

Tendo em vista que verificamos nas pesquisas bibliográficas a afirmativa de que as fontes de vitamina B12 são somente os alimentos de origem animal, resolvemos apresentar uma opção de alimento rico em vitamina B12, de origem vegetal, as Algas Marinhas "Agarófitas". Com este trabalho pretendemos disponibilizar para as pessoas vegetarianas, um alimento de origem vegetal que irá suprir as necessidades vitamínicas referentes a cianocobalamina.

Sabemos que a vitamina B12, é de elevada importância para que a manutenção da boa saúde das pessoas, pois, ela tem várias funções no nosso organismo, como:

a) previne a anemia perniciosa;

b) atua na formação dos glóbulos vermelhos;

c) atua na formação da bainha dos nervos;

d) atua como coenzima em reações químicas celulares;

e) atua na síntese do ácido nucléico;

f) atua na maturação das células epiteliais, principalmente as do trato intestinal.

2. AS ALGAS MARINHAS

As algas marinhas são vegetais e ocupam várias classes, filos ou divisões dependendo dos diferentes autores. O importante entretanto é responder a pergunta "o que é uma alga"?. A resposta não é fácil, o grupo é extremamente diversificado em tamanho e formas. Comporta cerca de 20.000 espécies. (Rosemberg 1976).

O termo "algas" compreende um agrupamento de organismos que têm muito pouca coisa em comum a não ser o fato de serem predominantemente aquáticos. O reino Monera reúne as bactérias, o reino Protista reúne as algas e o reino Plantae reúne principalmente os vegetais terrestres. (Sogin et al., 1989; Bhattacharya & Medlin, 1998).

Entre as algas marinhas estão organismos que têm suas origens há mais de 3 bilhões de anos (Han & Runnegar, 1992; Schopf, 1993). Fósseis de seres vivos que contém células mais complexas, foram recuperados de sedimentos com 1,7 bilhão de anos de idade, na China. Estes fósseis assemelham-se aos organismos aquáticos modernos conhecidos como algas pardas. As algas variam em tamanho, da menor conhecida - uma alga verde minúscula - até as algas pardas de 30 metros de comprimento conhecidas como Kelps.(Raven 2001).

Devido ao processo da fotossíntese, são responsáveis pela estruturação da atmosfera terrestre como a conhecemos, possibilitando a existência de vida sobre a superfície do planeta, pela produção de oxigênio e conseqüente formação da camada de ozônio que filtra os raios ultra violetas, maléficos para o desenvolvimento dos seres vivos no planeta. (Kasting, 1993; Allègre & Schneider 1994; Kirshner, 1994; Duve, 1996). As algas consomem CO2 (Dióxido de carbono) em presença de luz e liberam O2 (Oxigênio), vital para a respiração dos animais e do homem. Nesse processo as algas enriquecem a atmosfera e a água de oxigênio. (Rosemberg. 1976).

As algas, constituem a base da alimentação da vida marinha e são chamados produtores primários, pois, sustentam a vida nos mares e oceanos e, portanto, desempenham um papel ecológico fundamental na manutenção destes ecossistemas. Estima-se que a vegetação microscópica marinha, que os especialistas chamam de fitoplâncton marinho, seja responsável por 40 a 50% da produção primária global (Bolin et al., 1977).

Na Roma Antiga eram utilizadas para confeccionar cosméticos que eram usados pelas senhoras da sociedade. Na Grécia chamava-se "Phycos"; Em Roma "Fucos"; Na China, usada para confecção de pratos especiais, de "Tsao"; No Hawaí, de "Limus"; Em algumas regiões do Nordeste do Brasil de "Cisco". E, em muitos países como "Alga". são vegetais e portanto, possuem cloroplastos e fazem a fotossíntese, como forma de obter energia, transformam energia luminosa em energia química. (Rosemberg 1976).

3. VITAMINA B12

Histórico

1824 - São descritos por Combe os primeiros casos de anemia perniciosa e a relação possível com as doenças do sistema digestivo. (http://www.uol.com.br/remédios/vit_cianocobalamina.htm;).

1925 - Whipple e Robscheit-Robbins descobrem os benefícios do fígado na regeneração do sangue em cães anêmicos. (Internet 2). A anemia perniciosa foi, durante muito tempo, sob o ponto de vista terapêutico, um dos problemas mais sérios, até a descoberta de que a administração de fígado de porco ou de boi era eficaz no tratamento dessa afecção. A partir dessa constatação, procurou-se obter o princípio ativo, o "fator extrínseco" naquele órgão, acreditando-se que o ácido fólico era a substância responsável, mas a observação clínica demonstrou sua pouca eficácia na melhoria de muitos sintomas da doença. (Franco, 2004).

1934 - Whipple, Minot e Murphy são galardoados com prêmio Nobel de medicina pelo seu papel no tratamento da anemia perniciosa. (http://www.uol.com.br/remédios/vit_cianocobalamina.htm;).

1948 - Rickes, Folkers e os seus associados (EUA) e Smith e Parker (Inglaterra), trabalhando separadamente, isolam um pigmento vermelho cristalino ao qual dão o nome de vitamina B12. (http://www.uol.com.br/remédios/vit_cianocobalamina.htm;).

1948 - O isolamento da vitamina B12 do fígado marca um grande passo no tratamento da anemia perniciosa e outros tipos de anemia macrocítica, supondo-se ser a vitamina idêntica ao "fator extrínseco". (Franco, 2004).

1948 - West demonstra que injeções de vitamina B12 beneficiam dramaticamente os pacientes com anemia perniciosa.(http://www.uol.com.br/remédios/vit_cianocobalamina.htm;).

1955 - Eschenmoser e os seus colaboradores na Suíça e Woodward e os seus colaboradores nos EUA sintetizam a vitamina B12 a partir de culturas de certas bactérias/fungos. (http://www.uol.com.br/remédios/vit_cianocobalamina.htm;).

Funções

A vitamina B12 fornece o apoio nutricional que o corpo humano precisa, como energia física aumentada. (http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?26;).

A vitamina B12 é necessária para a formação dos corpúsculos do sangue, do revestimento dos nervos e de várias proteínas. Também se envolve no metabolismo dos hidratos de carbono e da gordura e é essencial para o crescimento. A adenosilcobalamina é o coenzima para a isomerização de 1-metilmalonil-CoA para succinil-CoA (uma reação importante no metabolismo dos lípides e dos hidratos de carbono) e na redução do ribonucleótido (o qual fornece os blocos de construção para a síntese de ADN). As reações que envolvem a metilcobalamina incluem a biossíntese da metionina, metano e acetato. Existe evidência de que a vitamina B12 é necessária na síntese dos poliglutamatos dos folatos (coenzimas ativas necessárias na formação do tecido nervoso) e na regeneração do ácido fólico durante a formação dos glóbulos vermelhos. (http://www.uol.com.br/remédios/vit_cianocobalamina.htm;).

A função metabólica exata da vitamina B12 não está totalmente esclarecida, em Loyd et al, (1982). Sabe-se que é necessária para o crescimento normal e para a formação do sangue, assim como para a manutenção do tecido nervoso, mas ainda não está determinado qual o seu papel em todos esses processos. São conhecidas pelo menos cinco coenzimas diferentes de vitamina B12. A anemia macrocítica megaloblástica que aparece na ausência de vitamina B12 se explica pela intervenção da vitamina na síntese de ácidos nucléicos. Afirmamos que a vitamina B12 pode contribuir e manter a função nervosa por sua intervenção no metabolismo de carboidratos (sabe-se que a vitamina B12 mantém a digestão em seu estado reduzido, que é biologicamente ativa).

Segundo Mahan, Escott-Stump (2002) a cobalamina é essencial para o funcionamento normal do metabolismo de todas as células, especialmente para aquelas do trato gastrointestinal, medula óssea e tecido nervoso. Como o ácido fólico, colina e metionina, participa na transferência dos grupos metil na síntese dos ácidos nucléicos, purinas e intermediários da piridina. É necessário para a remoção de um grupo metil do metilfolato e para a geração do tetra-hidrofolato necessário para a síntese do DNA. A vitamina B12 afeta a forma da mielina.

A vitamina B12, também denominada cianocobalamina, é a vitamina que previne a anemia perniciosa nos ensina Franco (2004). Parece ser o fator mais importante para a formação das células vermelhas do sangue. A vitamina B12 exerce várias funções importantes no organismo, atuando (...) em reações químicas celulares. Ela representa fator essencial para o crescimento de várias espécies animais, achando-se envolvida como uma substância intermediária na formação dos glóbulos sangüíneos, bainha dos nervos e a síntese do ácido nucléico e para a maturação das células epiteliais, principalmente as do trato intestinal.

4. CONSIDERAÇÕES GERAIS

Após o estudo do presente trabalho observamos que Wood (1974) escreveu sobre Shen Nung, um médico chinês, que a aproximadamente 3.000 a. C. registrou o valor medicinal das algas. O "Livro Chinês de Poesias", durante a época de Confucius (800 - 600 a. C.) propõe a culinária de algas como excelente tipo de alimento. Há milênios que as algas são conhecidas pelos seres humanos e muitas são utilizadas em sua alimentação (Wood, 1974) e segundo Prescott (1968) mais de 100 espécies aparecem como participantes de pratos nos países orientais e aproximadamente 75 espécies, da mesma forma, no Hawaí. Na África Central muitas tribos alimentam-se desde tempos remotos com algas, como constatou o Instituto Francês do Petróleo (1976), na República do Chad. As algas vermelhas são muito utilizadas em vários países na confecção de pratos especiais. Destas por exemplo, Porphyra é bastante difundida, com a qual é feito o "amanori" na Coréia, o "nori" no Japão, o "tsats'ai" na China e o "sloke" na Inglaterra. O que nos chamou a atenção é a afirmação observada em Rosemberg (1976) de que as algas marinhas são muito ricas em vitaminas do complexo "B" e "C", que são vitaminas hidrossolúveis. (Rosemberg. 1976).

Continuando nas leituras verificamos em Mahan (2002) que as vitaminas hidrossolúveis estão envolvidas em reações de manutenção de metabolismo energético e que estas vitaminas não são armazenadas no organismo sendo excretadas na urina; assim, um suprimento diário é desejável objetivando evitar interrupção das funções fisiológicas normais.

O homem e os animais dependem de fontes externas de vitaminas e, segundo Franco (2004), qualquer interrupção do suprimento causa distúrbio no metabolismo. As necessidades vitamínicas variam em função de diversos fatores, tais como: sexo, idade, peso altura, necessidades calóricas e diversos estados fisiológicos como exercício, gravidez, lactação, evolução biológica. Além de seu importante papel no metabolismo, afecções específicas são causadas por deficiência vitamínica cujo tratamento é realizado por alimentação adequada em nutrientes e em certos casos pela medicação vitamínica.

Segundo Bobbio et al (2003) a vitamina B12 não é encontrado em tecidos vegetais.

Em Augusto et al. (1995) observamos que os indivíduos vegetarianos tem uma ingesta diária insuficiente nesta vitamina, uma vez que suas fontes alimentares não são de origem animal. Em Mahan, Escott-Stump (2002) verificamos que os bebês alimentados com leite materno de mães vegetarianas podem também estar sob risco de deficiência de vitamina B12.

5. BIBLIOGRAFIA

BOBBIO, Florinda O. BOBBIO P. A. Introdução a Química dos Alimentos. Livraria Varela. 3ª Edição. São Paulo. 2003.

FRANCO, Guilherme. Tabela de Composição Química de Alimentos. Editora Atheneu. 9ª Edição. São Paulo. 2004. 307 p.

INTERNET:

1) http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?26;

2) http://www.uol.com.br/remédios/vit_cianocobalamina.htm;

MAHAN, L. K. ESCOTT-STUMP, Sylvia. Alimentação, Nutrição & Dietoterapia. 9ª Edição. Editora Roca. São Paulo. 2002.

MAHAN, L. K. ESCOTT-STUMP, Sylvia. Alimentação, Nutrição & Dietoterapia. 10ª Edição. Editora Roca. São Paulo. 2003.

RAVEN, P. H. Evert, R. F. Eichhorn. Biologia Vegetal. Guanabara-Koogan. 6ª Edição. Rio de Janeiro. 2001. 906 p.

ROSEMBERG, J. A. O Potencial das Algas. Tese. Escola Química. Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 1976. 198 p.